A tragédia de Mariana ainda está “viva” na memória da população das cidades por onde passa o rio Doce, que antes era sinônimo de riqueza e hoje é só tristeza e lamentação. Os terrenos invadidos pelo lamaçal em 2015, tem hoje uma terra sem fertilidade, onde nada é plantado, porque é uma terra inútil para a lavoura.
Os produtores da região capixaba banhada pelo rio Doce, que compreende as cidades de Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares, acreditaram nas promessas da diretoria da Vale, proprietário maior da Samarco, e ficaram na expectativa de que cumpririam com a palavra empenhada, indenizando os prejuízos causados, mas depois de seis anos, a esperança tornou-se um pesadelo sem fim. Sem recursos financeiros, os produtores são o retrato em preto e branco, do descaso e da ironia daqueles que só sabem explorar a riqueza desse país, lucrando todos os anos bilhões de reais.
As empresas constituíram a Fundação Renova para servir de “testa de ferro”, e encobrir os nomes dos verdadeiros responsáveis pela tragédia. E a Fundação vem cumprindo seu papel, indenizando falsos pescadores, a raia miúda que fica nos botequins se embriagando e fazendo propaganda enganosa das empresas. É mais fácil e cômodo pagar a falsos pescadores e pessoas que contam mentiras, do que arcar com a responsabilidade de indenizar aqueles que produzem riqueza e trabalho.
Desde que uma onda de lama e rejeitos de minério de ferro da mineradora Samarco escapou com o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, em 5 de novembro de 2015, propriedades rurais como a da agricultora acabaram soterradas e se tornaram improdutivas. Pelo Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado entre a Fundação Renova – criada pela mineradora para cuidar dos impactos e reparos do acidente – e o poder público, a recuperação das áreas é responsabilidade da fundação, mas ao longo das áreas afetadas é comum encontrar pessoas atingidas se esforçando, mesmo com métodos arcaicos, para tentar voltar a produzir. A Fundação Renova afirma que desenvolveu medidas emergenciais e garantiu que restabeleceu condições ambientais e socioeconômicas dos produtores, mas a realidade é outra. É cruel e massacra os produtores rurais do Espírito Santo.