Embora o faturamento da Samarco, Vale e BHP Billiton esteja na casa de mais de 300 bilhões de reais por ano, eles insistem em dar o famoso calote nos produtores rurais do Espírito Santo, alegando o óbvio: devo não nego, mas pagarei quando puder.
Segundo os produtores isto é falta de vergonha na cara. Dão prejuízo e não pagam, e ainda posam de bons mocinhos, ajudando a financiar obras públicas (que não são da alçadas deles) e indenizando pessoas que falsificam documentos como se tivessem sido prejudicados pela famosa Tragédia de Mariana.
É um absurdo. A Samarco com a Fundação Renova descarrega um caminhão de dinheiro com indenizações de quem nunca foi pescador e nem morava nas áreas prejudicadas com o lamaçal que desceu pelo rio Doce em 2015. Enquanto isso, o produtor rural com comprovado prejuízos em lavouras e terrenos, estão entregues à própria sorte, à beira de um colapso total.
Embora a Justiça tenha determinado o pagamento dessas indenizações, a Samarco vem protelando cumprir a decisão, causando prejuízos e desespero naquelas pessoas que produzem e vivem do plantio. “É um caso de polícia” – afirma um produtor rural de Colatina. E prossegue afirmando: “um desrespeito às pessoas prejudicadas. Parece que neste país as leis são feitas para punir os mais humildes, porque os poderosos não obedecem e ninguém fala nada. O próprio governador Renato Casagrande, que sabe do problema, embora finja o contrário, é conivente com a situação”.
Passados seis anos, e com muitas promessas, a situação dos produtores rurais que margeiam o rio Doce, nos municípios capixabas de Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares, continua estagnada. Enquanto isso as multinacionais vão comprando prefeitos, vereadores, deputados e outros políticos, fazendo aumentar o silêncio e a indiferença em torno do problema. As multinacionais, como Samarco, Vale, BHP Billiton, compram as administrações municipais como computadores, aparelhos de tv, horas de tratores, doações de pequenos maquinários, e as vezes até mesmo subornando os políticos.
Para a biblioteca pública de uma cidade aqui da região, a Fundação Renova doou mais de 30 lap-top, verdadeira migalha. Pagam a falsos pescadores e pessoas que se dizem prejudicadas, as quantias de 90 mil. Verdadeiro festival com o dinheiro. E a Vale ajuda a bancar. Justamente a Vale que faturou mais de 100 bilhões e que está com dinheiro sobrando. Gastando com falsas indenizações, enquanto que os verdadeiros prejudicados ficam sem receber o que é devido.