Bastou chover, para que a lama voltasse a aparecer. Na região norte e noroeste do Espírito Santo a cor da água deixou moradores preocupados na região de Regência
Linhares – Após exatos dois anos, depois da lama da Samarco invadir o Rio Doce, os reflexos da tragédia de Mariana, que é considerada a maior tragédia ambiental do Brasil, ainda são sentidos pelos capixabas. Os pescadores seguem sem esperança de dias melhores e nesta segunda-feira (06), na comunidade de Regência, o Rio Doce voltou a apresentar a cor alaranjada em suas águas.
Só foi chover, para que a lama voltasse a aparecer. Os rejeitos de minérios depositados no fundo do rio sobem, e o Rio Doce vira, de novo, um rio de lama. Uma cena que entristece os moradores da região.
“Antes a gente chegava aqui e via uma coisa bonita. Agora já se passaram dois anos e volta a mesma coisa de novo, a mesma catástrofe, lama. A gente não sabe se pode comer um peixe, tomar um banho. Uma cena muito triste para gente”, afirma o pescador Udson da Silva Ribeiro.
Dono de uma pousada na região, Wander Ferrari diz lamentar a situação e já cogita vender a propriedade: “Difícil é achar um comprador, porque a Vila não tem mais turista frequentando por causa da lama”.
O presidente da Associação Comercial de Regência, Messias Calimam, já sabe que a lama continua no rio e vem e vai de acordo com a chuva. “Cada chuva que ocorrer na cabeceira do rio vai levantar todo esse material que está no fundo. A cada chuva vai ser um novo impacto na nossa região”, avalia.
Para Alex Bastos, geólogo da Ufes, é preciso fazer o manejo do rejeito. “Uma vez que um programa de manejo de rejeito esteja bem estabelecido é o que se precisa de base para se tomar uma decisão. Não tem como limpar a lama do mar. Enquanto isso, o que precisa é uma coleta contínua de dados na foz o rio doce”, explica.
Já a Fundação Renova qualificou que a turbidez do Rio Doce, em Regência, está dentro do permitido por lei, mas prometeu realizar novos estudos para saber como está a água. Foto Keko Pascuzzi .