Em contato com os proprietários de restaurantes que são referencia em Linhares, a informação de que o pescado local, que era com frequência adquirido, deixou de ser comercializado devido a contaminação dos espécimes no litoral de Linhares
Linhares – Um dos pratos que tornaram o Espírito Santo famoso dentro da gastronomia mundial, e considerado como Patrimônio Cultural Imaterial do Espírito Santo a Moqueca Capixaba está deixando turistas e moradores locais, sem muitas opções nos restaurantes locais. Apesar do justo reconhecimento à admiração pública conquistada pela culinária capixaba, por meio de um de seus pratos mais tradicionais, o pescado do litoral de Linhares está impróprio para consumo.
A reclamação dos pescadores é contra a omissão dos órgãos de Vigilância Sanitária e Saúde, que se negam a realizar estudos sobre a segurança sanitária dos peixes que são vendidos no Estado, oriundos das regiões contaminadas pela lama de rejeitos de mineração da Samarco/Vale-BHP, a saber, toda a bacia hidrográfica do Rio Doce no Espírito Santo, além de todo o litoral capixaba, com maior concentração de contaminantes ao redor da Foz, em Regência, Linhares.
Com isso, proprietários de restaurantes como João de Barro, Deguste e Churrascaria Los Pagos, estão adaptando seus cardápios e adquirindo pescado da Bahia e de outros centros, conforme relataram para a reportagem do DN Linhares.
A proprietária do tradicional estabelecimento às margens da BR 101, Churrascaria Los Pagos, disse que há algum tempo não adquire pescado local, principalmente porque antes da contaminação pelo desastre ambiental da Samarco em Mariana-MG, já adquiria produtos de empresas fornecedoras tradicionais. Tatiane Dalmoura Malacarne, afirma que no cardápio da Los Pagos o peixe continua fazendo parte: cação, robalo, badejo e tilápia. “Olha, faz mais de um ano que não recebemos pescado local, notadamente devido que as empresas que abastecem o restaurante, mantém padrões de qualidade e segurança no produto fornecido”, justificou.
Tiago Bacheti é o proprietário do restaurante João de Barro, um dos mais frequentados na noite linharense. Segundo ele, o pescado ofertado em seu cardápio, tem 100% de origem de outros estado, a Bahia. “No início, muita gente perguntava de onde vinha o peixe servido. Hoje não e acredito que seja pela seriedade com que empreendemos nosso negócio”, justifica Tiago. Ele acentua que mesmo vindo de fora e com 15% de acréscimo na aquisição do pescado, estes valores não são repassados aos clientes. “Deixamos ganhar mais para assim, garantir um produto de procedência e de qualidade”, pontuou ele destacando pratos com: sarda, budião e badejo.
Outro restaurante procurado pela reportagem foi o Deguste. Foi lá que conversamos com Izabela Margem Xavier, filha de uma família voltada para o ramo de alimentação já algum tempo. De acordo com Izabela, os peixes locais não fazem parte do cardápio. O Deguste mantém o pescado no dia a dia, adquirido também de empresas fornecedoras da Bahia e São Mateus. Por lá é comum ver espécimes como o panga, cação, bacalhau, kangoa e outros fazendo parte de pratos diversificados.
Moqueca
De origem indígena, a Moqueca também é reconhecida e produzida internacionalmente, já tendo sido considerada pela Lei nº 7.567/2003 como o prato típico do Espírito Santo e um de seus símbolos culturais.