Os sintomas são parecidos com os da zika e chikungunya. Aouche já tem dois casos na Bahia. A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) informou que não há casos no Estado
Estado – Uma doença não tão nova, mas relativamente desconhecida, tem chamado a atenção nas últimas semanas por ter se manifestado fora da região amazônica, onde é mais comum. A febre apouche tem os mesmos sintomas da dengue, da zika, da chikungunya e da febre amarela. Especialistas, porém, garantem que, por enquanto, os riscos de chegar ao Estado são mínimos. Dois casos foram confirmados na vizinha Bahia. Um é de uma criança de 10 anos, moradora de Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador. E o outro é um adolescente de 16 anos, morador de Salvador.
A febre é transmitida pelo mosquito maruim, aquele bem pequenininho e preto, de picada dolorida, comum em áreas de mangue ou com correntes de água. Por ser mais comum em área rural, professores e infectologistas não creem na sua infestação em área urbana. “Tem chance, mas, se chegar, não vai ser em área urbana”, afirma Reynaldo Dietze, professor de Doenças Infecciosas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
“É um vírus silvestre. A chance de se urbanizar é muito pequena. Na cidade não existe o inseto transmissor. É um inseto que não sai do mangue. Então, mesmo que um pescador ou catador pegue, não tem como passar para frente”, completa a o infectologista Aloísio Falqueto.
Entre os sintomas, febre, falta de apetite, prostração, cansaço, dores no corpo, no pescoço, nas costas e nas articulações, dor atrás dos olhos e manchas pelo corpo. Em sua forma mais grave, pode causar infecção no sistema nervoso central e desencadear uma meningite encefálica. Assim como nas outras doenças com sintomas parecidos, não é necessário aparecer todos esses sintomas para ser diagnosticado.
E assim como no caso da dengue, zika, chikungunya e febre amarela, tratam-se os sintomas. Não há cura específica para cada doença.
O professor Reynaldo Dietze explica que o período de incubação do vírus é de cerca de 10 dias. Mas que a doença se manifesta de forma abrupta. “A pessoa pode estar se sentindo bem pela manhã, e à tarde apresentar os sintomas”, afirma.
O infectologista Crispim Cerutti Júnior explica que o surgimento da febre apouche segue o mesmo contexto das outras que chamaram a atenção nos últimos anos, como a zika e a chikungunya: “Isso é expansão do arbovírus, que é o vírus transmitido por artrópode. Há vários fatores, mas o principal é o aquecimento global”.
Embora os especialistas digam que as chances sejam pequenas, o infectologista Crispim lembra que o maruim pode se desenvolver em ambientes com concentração de material orgânico. Ou seja, manter a higiene e a limpeza é fundamental.