Estado – Imagine saber que espécies de macacos estão ameaçados de extinção após o surto de febre amarela? Ou ter uma mínima noção de quais espécies de peixes e outros seres vivos sobreviveram à tragédia de lama do Rio Doce? E ainda identificar o tipo de vegetação, de solo e que tipo de fauna e flora existe na localidade onde será construído uma indústria, por exemplo? Um trabalho minucioso feito por cientistas e pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) em Santa Teresa-ES e de outras instituições brasileiras pode chegar perto destas respostas.
O Projeto “Revisão da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Espírito Santo” é uma das principais ferramentas para avaliação da biodiversidade no Estado e está coletando dados de plantas e animais baseados em acervos biológicos existentes em uma determinada região e no conhecimento dos impactos a que as espécies estejam submetidas. A última lista foi coletada em 2005 e tem pouca informação disponível digitalmente, como explica o coordenador da Projeto e dr. em biologia vegetal, Cláudio Nicoletti Fraga.
“Essa listagem representa um documento político para tomadas de decisões baseadas em conhecimento científico sobre a biodiversidade e há 13 anos não era atualizada. Agora estamos digitalizando esse processo e coletando novas informações que também serão disponibilizadas em um livro físico. Afinal, nesse tempo, várias mudanças climáticas e de ordem biológica foram impactadas”, explicou Cláudio, citando impactos recentes como o rompimento da barragem de rejeitos de mineração de Mariana (MG) que atingiu o Rio Doce e a febre amarela silvestre que atingiu populações de diversas espécies de primatas.
De acordo com a técnica em compilação de dados da fauna, Juliana Paulo da Silva, existem mais de 500 mil dados coletados, no entanto “somente” 200 mil serão aproveitados. “Foram definidos vários grupos de conhecimento nas mais variadas especialidades: anfíbios, répteis, invertebrados, briófitas, peixes etc. São 79 pessoas pesquisando mamíferos, por exemplo. São vários critérios a serem adotados e a tecnologia tem sido uma grande aliada nessa pesquisa. Algumas espécies estão sendo estudadas pela primeira vez”, detalhou a pesquisadora do INMA.
O projeto tem previsão de término em abril de 2019 e é uma parceria do INMA com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação no Espírito Santo (Fapes). Fonte: Assessoria de Comunicação do INMA.