Havia a expectativa que até a meia-noite desta terça-feira (14) fosse anunciado o fim da greve dos policiais militares, que nessa segunda-feira (13) entrou no seu décimo dia. Um acordo entre o governo do Estado e o Movimento de Mulheres, Familiares e Amigos de Policiais e Bombeiros Militares estaria na iminência de ser fechado.
Mas o acordo fracassou. O governo rejeitou a proposta, apesar de o movimento ter tirado da pauta de reivindicações o reajuste salarial. Os familiares dos policiais pleiteavam, em contrapartida, o pagamento de escalas-extras, auxílio-alimentação e reajuste no auxílio-farda.
O governo, porém, esclareceu que mesmo sem a inclusão na proposta do reajuste de 47%, os outros pleitos também significariam impactos financeiras que não poderiam ser assumidos pelo Estado.
Além de rejeitar a proposta, que também reivindicava anistia de policiais sujeitos a punições disciplinares e criminais por envolvimento no movimento, o governo ainda endureceu o jogo. Na contramão da proposta que pedia a anistia dos militares, o governo anunciou as demissões de 161 policiais, publicadas no Diário Oficial desta terça-feira (14) – confira a lista do D.O. dos policias submetidos ao Conselho Disciplinar no site www.redediario-es.com.br. As efetivações ou não das demissões, porém só serão confirmadas após a conclusão dos processos.
Ainda no conjunto de medidas punitivas aos policiais supostamente acusados de incitar o movimento paredista, a Secretaria de Segurança deve anunciar também a abertura de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para punir outros militares.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, confirmou que foram indiciados 703 policias pelo crime de revolta, previsto no Código Penal Militar, cuja pena pode chegar a 20 anos de reclusão, bem como a expulsão dos quadros da Corporação.
Os procedimentos serão conduzidos pela Corregedoria da PM, que tem até 60 dias para conclusão. Em seguida, os casos vão para a Promotoria de Justiça Militar, e na sequência, a Vara de Auditoria Militar – órgão da Justiça estadual – será responsável pelo julgamento das ações.
O governo, porém, se sentiu mais confiante para endurecer o jogo com o movimento grevista após perceber que a situação começou, aos poucos, a se normalizar nesta segunda-feira. As instituições funcionaram normalmente, o comércio reabriu, os ônibus voltaram a circular e a população retomou suas rotinas: trabalho, escola, lazer.
O medo que tomou conta da população nos últimos dias não desapareceu por completo, mas vai diminuindo a medida em que as pessoas voltam à rotina. As presenças dos homens do Exército e das Forças Nacionais, Guarda Municipal e dos policiais militares, que começaram a voltar às ruas – segundo o governo, mais de 1,7 mil atenderam às convocações do Comando da PM -, fortaleceram o governo na condução das negociações.