Na primeira semana deste mês de novembro, completou-se seis anos da Tragédia de Mariana, com o rio Doce foi transformado num lamaçal de detritos de uma usina da Samarco que estourou seus reservatórios em Minas e veio trazendo um rastro de destruição. Passos todo este tempo, os envolvidos não chegaram a lugar nenhum, e os produtores rurais com terrenos e lavouras às margens do rio Doce, no norte e noroeste do Espírito Santo, amargam uma espera angustiante, pois mesmo com todo sofrimento não receberam a devida remuneração pelos prejuízos que tiveram com o ocorrido.
O governador do Estado, Renato Casagrande, que recentemente esteve na Escócia defendendo teses referentes ao meio ambiente, no Estado não está nem aí para esse tipo de problemas, haja visto que na região de Jardim Camburi por mais de 30 anos existe o famoso pó preto exalado pelos fornos da CST e que causam problemas respiratórios aos habitantes desta região. Casagrande prefere fazer média com a imprensa internacional do que procurar resolver os problemas do Estado que governa, mostrando sua indiferença para com a população que o elegeu.
“É uma barbaridade e grande estupidez o que acontece”, diz um agricultor. Ele se diz integrante de um grupo de agricultores que produzem alimentos e café e cacau, impulsionando empregos e a economia do Estado. Mas segundo ele nada disto tem valor para a classe política que indiferente aos problemas da tragédia, estão sim, preocupados é com o bem estar deles próprios, deixando os pecuaritas abandonados à própria sorte.
Cerca de 60 produtores rurais de Colatina, no Espírito Santo, que dependem exclusivamente do Rio Doce para irrigar as plantações, perderam lavouras inteiras depois da chegada da lama de rejeitos no estado. No distrito de Itapina, agricultores relataram o prejuízo. Sigmar Santos Rocha é um dos produtores rurais que teve prejuízo na região. Ele tem 6 mil pés de café plantados em todo o terreno, o que renderia uma média de 80 sacas na próxima colheita.
Depois que a lama de rejeitos de minério da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, chegou a produção teve que parar. Com a falta de chuvas, os frutos ficaram perdidos e os galhos secaram. “Não tem nada e o que tem nos pés não vai valer nada”, disse.
O pai de Sigmar, Nelson Rocha, que vive há mais de 40 anos em uma ilha em Colatina. É dessa terra que ele tira o sustento da família e não sabe o que fazer, mesmo com a ajuda que recebeu da Samarco. “Mandaram R$3.242, está lá no banco, porque foi de três meses. Mas isso aí não paga nem a energia”, disse o produtor rural.
Plantação de tomate
Sem poder usar a água do Rio Doce, uma plantação de tomates acabou. Eram 21 mil pés que ficavam na propriedade de Carlos Alberto Rudio.
Segundo o agricultor, o prejuízo é de pelo menos R$200 mil. “Na época eu perdi de 3 a 4 mil caixas de tomate, mais ou menos, o tomate estava dando uns R$50 reais a caixa”, contou.