A pandemia de covid-19 deixou no ano passado 4,7 milhões de pessoas da classe média em situação de vulnerabilidade ou pobreza na América Latina e no Caribe, possivelmente revertendo décadas de avanços sociais, revelou na quinta-feira (24) um relatório do Banco Mundial.
O impacto seria ainda mais dramático se o efeito do programa temporário de auxílio emergencial do governo brasileiro fosse excluído das projeções. Sem este benefício, 12 milhões de pessoas na região perderiam seu lugar na classe média em 2020.
O mesmo acontece com a pobreza. Em nível regional, havia 400 mil pobres a menos em 2020 mas, sem o efeito do auxílio brasileiro, calcula-se que cerca de 20 milhões de pessoas cairiam para a pobreza no ano passado, com um aumento adicional de 1,4 milhão por conta do crescimento populacional.
Nas últimas duas décadas, o número de pessoas que vivem na pobreza na região havia sido reduzido pela metade. A classe média, aqueles com renda per capita entre US$ 13 e US$ 70 por dia, superou os mais vulneráveis (com renda entre US$ 5,5 e US$ 13 por dia) e os pobres (que estão abaixo da linha dos US$ 5,50 por dia).
A classe média passou a ser o maior grupo em 2018. Mas o crescimento estancou nos últimos anos e a região foi uma das mais afetadas pela pandemia do coronavírus em termos de custos sanitários e econômicos, segundo o informe do Banco Mundial.
Em 2020, a classe média foi reduzida a 37,3% da população, a classe vulnerável cresceu para 38,5% e os pobres representaram 21,8% da população da América Latina e Caribe, segundo o Banco Mundial. A população da região inteira é de cerca de 646 milhões de pessoas.