Geral – O patrono da ecologia no Brasil é um capixaba. Mais precisamente, um teresense. Este ano foram completados 31 anos do sepultamento do cientista e ambientalista de Santa Teresa, Augusto Ruschi, que faleceu no dia 3 de junho de 1986.
Curiosamente, Ruschi é o único capixaba a ter integrado nome e efígie em uma cédula em moeda nacional. Teve esta homenagem impressa em uma cédula de 500 cruzados novos emitida pela Casa da Moeda do Brasil, que circulou entre 15 de abril de 1990 e 15 de setembro de 1994.
Nascido em 1915, Ruschi foi uma das maiores autoridades do mundo em flora e fauna da Mata Atlântica, principalmente em beija-flores. Sua obra científica supera mais de 400 publicações. Foi o fundador do Museu de Biologia Mello Leitão em 1949. Sua atuação foi determinante para que Santa Teresa mantivesse padrões de preservação ambiental bem acima da média dos municípios capixabas e brasileiros.
Em 1985, já fragilizado por várias malárias e esquistossomoses que contraiu durante as pesquisas de campo, tornou-se ainda mais frágil como efeito da hepatite C que o acometia. Mal podia caminhar, desenvolveu uma hérnia ao fazer um pequeno esforço, e o antigo envenenamento pelos sapos também cobrava tributo de sua saúde.
No dia 23 de janeiro de 1986 reuniu-se com índios no Parque da Cidade, no Rio de Janeiro, para um ritual de purificação e cura dirigido pelo cacique Raoni e o pajé Sapaim, após diversos tratamentos médicos convencionais. A pajelança durou três dias e virou manchete em rádios e jornais de todo o país durante uma semana, sendo noticiada também no exterior. Após o tratamento os indígenas o deram como curado, e de fato o paciente sentira-se bem desde o primeiro dia, cessando as hemorragias, as tonturas e as dores.
Mas as melhoras foram efêmeras e seu estado continuou piorando. Depois de ser internado em uma clínica em Linhares, apresentando outra vez vômitos e tontura, sendo acometido ali por uma isquemia cerebral, da qual se recuperou sem sequelas,[16] no dia 24 de maio foi transferido para o Hospital São José, em Vitória, por complicações gastroenterológicas.
Morreu no dia 03 de junho de 1986. A causa mortis foi Insuficiência hepática causada por uma cirrose, agravada por hemorragias e falência das funções renais. Segundo o médico que o tratou, a cirrose derivou de uma intoxicação por excesso de remédios contra a malária, e não, como foi divulgado, do contato com os sapos venenosos. Seus órgãos foram doados ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Espírito Santo para pesquisas médicas.