A praia atingida fica a cerca de 40 km da divisa da Bahia com o Espírito Santo, ampliando a expectativa de que as primeiras manchas de óleo cheguem ao Espírito Santo nos próximos dias
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Agência Folha Press
Os primeiros vestígios de óleo chegaram nesta terça-feira (5) a Mucuri (905 km de Salvador), cidade litorânea mais ao sul da região Nordeste. A praia atingida fica a cerca de 40 km da divisa da Bahia com o Espírito Santo, ampliando a expectativa de que as primeiras manchas de óleo cheguem ao Sudeste nos próximos dias.
Por envolver uma série de fatores como correntes marítimas, ventos, maré e a quantidade de óleo que ainda está no oceano, especialistas apontam que não é possível precisar quando as manchas chegarão ao litoral do Sudeste.
Na última sexta-feira (1), contudo, o Inpe (Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais) informou que é provável que o óleo chegue ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro.
O órgão foi acionado pelo governo federal para detectar movimentação das manchas na costa brasileira e trabalha com a hipótese de que exista ainda mais óleo no oceano.
Nos últimos dias, novas manchas foram identificadas em praias de três cidades do sul da Bahia: Caravelas (onde atingiu o Parque Nacional de Abrolhos no último sábado), Nova Viçosa e Mucuri.
Nas duas últimas, a quantidade de óleo encontrada ainda é pequena. Em Nova Viçosa, foram recolhidos cerca de três quilos de óleo desde o último domingo (5). Em Mucuri, a quantidade de óleo achada ainda não chega a 100 gramas, informou a prefeitura.
Apesar da pequena quantidade, a presença do petróleo acendeu o alerta da comunidade nas duas cidades, que já mobilizam servidores e voluntários.
No Espírito Santo, um comitê com entes federais, estaduais e municipais foi criado há cerca de 30 dias para instituir um plano para remoção e armazenamento do óleo caso ele chegue ao litoral capixaba. Servidores de prefeituras e voluntários de sete municípios foram capacitados.
De acordo com superintendente do Ibama no Espírito Santo, Diego Libardi, estão sendo realizadas vistorias nos estuários dos principais rios do litoral para verificar a possibilidade de instalar barreiras de contenção.
“A nossa maior preocupação não são as praias, mas, sim, os estuários dos rios. São locais de onde seria mais difícil retirar o óleo”, afirma Libardi.
A capital Vitória e outras seis cidades do litoral capixaba — Linhares, Aracruz, Conceição da Barra, São Mateus, Jaguaré e Fundão — já começaram a receber treinamento para uma provável chegada do óleo.
Em Conceição da Barra, cidade de 30 mil habitantes que fica na divisa com a Bahia, a prefeitura iniciou ações diárias de monitoramento dos cerca de 30 quilômetros de litoral . Por enquanto, ainda não há vestígios de óleo, mas a comunidade já se prepara para o pior.
“Pela forma como as coisas estão evoluindo, é provável que nossa cidade seja a primeira do Sudeste a receber o óleo, mas já há um plano de ação emergencial para enfrentar o problema”, afirma o coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil de Conceição da Barra, Jalmas Ferreira Greis.
A prefeitura vem cadastrando e treinando voluntários e servidores municipais, além de ter adquirido equipamentos de proteção individual para proteger as pessoas que forem atuar no recolhimento do óleo.
A imprevisibilidade é o principal desafio enfrentado pelos estados cujos litorais possam ser poluídos pelo óleo. De acordo com Ícaro Moreira, professor do Departamento de Engenharia Ambiental da UFBA (Universidade Federal da Bahia), não é possível estimar com precisão a a trajetória do óleo na costa brasileira.
“No oceano, são diversas variáveis. Não é como um rio que segue nas mesmas direção e velocidade”, explica. Ele ressalta que as correntes marítimas e os ventos tendem fazer com que o óleo siga na direção sul nesta época do ano.
No domingo (3), o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva afirmou que “não tem bola de cristal” para estimar o volume e a dinâmica do vazamento do óleo que atingiu as praias do litoral nordestino.