Governo altera política valorização do salário mínimo e aposentados e pensionistas vão ficar sem ganho real. Diferença entre o estimado pelo sindicato e o concedido dá R$ 13
Nem R$ 1.040, como previa o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias apresentado em agosto, nem R$ 1.039, nem R$ 1.030, o salário mínimo deve ficar em R$ 1.031 no ano que vem. Confirmando as previsões, este ano beneficiários do INSS ficarão sem aumento real. Isso porque o governo mudou a política de valorização do salário mínimo. “A falta de aumento real do mínimo vai prejudicar ainda mais aposentados e pensionistas, que já ganham pouco”, critica João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindnapi).
E como era antes? No cálculo do reajuste, que garantia o ganho real, eram levados em conta a inflação e a variação do Produto Interno Bruto (PIB). “Se a fórmula anterior fosse aplicada no salário de 2020, a regra levaria em conta o crescimento do PIB de 2018, que foi de 1,1%. E mais o INPC de 3,3%”, informou Tonia Galleti, coordenadora do departamento jurídico do Sindnapi. “Com o PIB nós teríamos um salário mínimo de pelo menos R$ 1.044. Daria R$ 13 a mais que o previsto”, acrescenta.
E o que o aposentado conseguiria comprar com esses R$ 13 de diferença? Se fosse nos Supermercados Guanabara, a pessoa poderia comprar uma cartela com 30 ovos tipo A por R$ 7,99, mais um quilo de açúcar Guarani (R$ 1,99), e uma caixa com um litro de leite Elegê ou Parmalat por R$ 2,47.
Começou em 2004
Essa fórmula começou em 2004, na época do governo Lula, virou lei em 2015 (governo Dilma) e vigorou até 2018. Mas como nem sempre o mínimo passou a inflação, o reajuste algumas vezes ficou aquém do esperado.
Em 2018, por exemplo, o reajuste dos benefícios acima do mínimo foi de 2,07%, enquanto a variação do salário mínimo foi de apenas 1,81%. A correção mais baixa em 24 anos que os aposentados do INSS tiveram.