Herança pomerana, italiana e africana compõem celebração que começou antes da emancipação do município
Vila Pavão – Entre tantas festas do interior capixaba, uma delas chama atenção desde o nome: Pomitafro. A palavra vem da junção de três etnias importantes na constituição de Vila Pavão, município com cerca de 10 mil habitantes no noroeste capixaba: pomeranos, italianos e afro. Após adiamento do evento, que começaria no fim de agosto por conta do surto de malária na região, o município se prepara para receber a 21ª edição da festa entre 11 e 14 de outubro.
A programação inicialmente teria três dias mas vai ser ampliada para quatro dias, aproveitando o feriado. Nela estão comidas e bebidas típicas das três etnias dispostas na Praça de Alimentação, apresentações de grupos folclóricos de música e dança adultos e infanto-juvenis, um torneio de futebol interétnico, e um concurso de rainha e princesa da Pomitafro, também contemplando as três etnias.
A história da festa precede a existência do município de Vila Pavão. O início da Pomitafro se dá em 1989, criada pelos professores do Centro de Integração de Educação Rural (Cier). “Havia uma festa caipira, nada capixaba, inspirada em São Paulo. Além de ser de fora, representava um deboche sobre os pequenos agricultores. Então começamos a fazer um levantamento com os alunos de quais eram as etnias presentes no município para fazer uma festa baseada na valorização da cultura local”, explica Jorge Kuster Jacob, que participou da organização da festa primeiramente como diretor do colégio e, depois, como secretário de Educação e Cultura.
Em paralelo à organização e celebração da festa, também se dava um movimento pela emancipação do município, que fazia parte de Nova Venécia. Em 1990 se realizou o plebiscito aprovando a emancipação e, em 1992, as eleições da prefeitura, com posse no primeiro dia de 1993. Jorge considera que a festa e as questões por ela levantada ajudaram a consolidar aspectos constituintes do município, que reconhece a tríplice matriz cultural em sua bandeira e no hino, que começa assim: “Pomeranos, Italianos, Africanos / Com coragem desbravaram este chão”.
A partir do estabelecimento da prefeitura, a festa passou a ser organizada pela municipalidade com apoio de grupos sociais e culturais e se converteu em grande festividade local, atraindo visitantes de fora e também os pavoenses que foram morar fora e retornam na data para celebrar com seus parentes. Das escolas foi para a rua principal da cidade, e depois teve que mudar-se dali por necessitar maior espaço, instalando-se na área de eventos do bairro Nova Munique.