Várias cruzes foram colocadas em frente ao Palácio Anchieta para simbolizar mortes que ocorrerão durante a paralisação da PM
As estatísticas de homicídios durante os nove dias em que a Polícia Militar não foi para as ruas chegou a 144, segundo dados do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindipol-ES). Durante todo o nono dia de movimento grevista na corporação, até as 17 horas, porém, apenas quatro assassinatos haviam sido registrados – dois deles no interior e dois na Grande Vitória. Foi o menor número desde que a paralisação começou, e ocorre após o emprego das Forças Nacionais de segurança nos últimos dias e com a volta de 1.236 policiais militares às ruas desde sábado.
Durante a crise na segurança pública, o Espírito Santo teve 40 homicídios em um único dia, segundo levantamento do Sindipol-ES. O número foi registrado na última segunda-feira, um dos dias mais críticos da onda de violência. Nesse mesmo dia, a delegacia de roubo de veículos atendeu 200 ocorrências. Também houve saques e assaltos. Na terça, o terror continuou com 22 mortes na Grande Vitória e interior, sendo o segundo dia mais violento. Uma das mortes no período foi a do policial civil Mario Marcelo de Albuquerque, morto ao tentar impedir um assalto em Colatina.
Cruzes
Representantes de entidades ligadas aos Direitos Humanos e dos servidores públicos realizam um protesto em frente ao Palácio Anchieta, em Vitória, na tarde de ontem. Foram colocadas cruzes na escadaria do palácio para simbolizar as mortes ocorridas durante a paralisação da Polícia Militar.
“Ao fazer isso na porta do Palácio, a gente traz à memória de que a responsabilidade é também do governo”, comenta a presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Morgana Boostel, ao citar que são 50 cruzes, representando cerca de um terço das mortes até então contabilizadas.
Ela frisa que em meio a onda de violência, que já dura mais de uma semana no Estado, os que mais sofrem são jovens, negros e de periferia. “E o triste é que o perfil dessas mortes não é diferente no dia a dia”, lamenta.
O secretário estadual de Direitos Humanos Julio Pompeu rebateu as críticas. “Nós somos comprometidos com o diálogo pleno e franco com os movimentos reivindicatórios organizados. Não será um movimento partidário ou de associações que irá diminuir os esforços feitos pelo governo. Não vamos desrespeitar a lei e tampouco perdoar criminosos, principalmente sob chantagem”, comenta.