Foi realizada no Hospital Estadual Central – Benício Tavares Pereira (HEC), em Vitória, gerenciado pela Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), no último dia 28, uma cirurgia inédita na rede pública do Estado. Graças à aquisição do novo equipamento de hemodinâmica foi possível, pela primeira vez, um procedimento cirúrgico de aorta toracoabdominal com recanalização de artérias mesentéricas.
Realizada pelo cirurgião vascular Claudio Melo Jacques, o procedimento, que durou cerca de sete horas, contou com a orientação e auxílio de uma dupla de cirurgiões vasculares que é referência nessa técnica no Brasil: Luiz Antônio Furuya e Ruy Otávio Barbosa, que vieram de São Paulo para dar apoio técnico. Ambos têm experiência de aproximadamente dez anos nesse tipo de procedimento.
De acordo com os profissionais, o paciente, de 56 anos, tinha um aneurisma roto de aorta abdominal, ou seja, uma emergência cirúrgica de alto risco. Com o diagnóstico em mãos, a equipe optou pela a realização de um procedimento minimamente invasivo, que utilizou a tecnologia da máquina da hemodinâmica.
“Nós colocamos uma endoprótese no paciente. Foi feito um furo na artéria e passamos um stent para mantê-la aberta. Esse procedimento reduz a possibilidade de complicação, mas ainda assim é complexo. A técnica que utilizamos só foi usada por causa da aquisição da máquina nova. Não é qualquer hospital que realiza essa técnica. Nós podemos dizer que estamos na ponta da cirurgia vascular mundial”, explicou o cirurgião vascular Claudio Melo Jacques.
O cirurgião vascular Luiz Antônio Furuya afirmou que a técnica de tratamento minimamente invasivo endovascular proporciona uma condição de menor risco para o paciente. “Como estamos falando de uma doença avançada, o equipamento é fundamental. A maioria dos serviços, principalmente no SUS, não tem disponível um equipamento dessa qualidade. Os exames de imagem são fundamentais, tanto no pré-operatório quanto no intraoperatório, que depende desse novo equipamento. Então, se não tivéssemos uma angiotomografia pré-operatória para planejar direito, o equipamento da hemodinâmica e os materiais adequados, não seria possível realizar esse tratamento”, explicou.
Para o cirurgião vascular Ruy Otávio Barbosa, a estrutura do HEC é um diferencial na rede pública. “Não é em todo lugar do País que temos acesso a uma máquina como essa e ao tipo de material utilizado. É mais frequente a realização desse procedimento em convênio particular, mas esse hospital é surpreendente. A gente roda bastante o País e é muito raro achar uma estrutura como essa no SUS, até em hospital particular é difícil encontrar tudo isso. Um equipamento como esse da hemodinâmica, então, é raríssimo. Vocês estão de parabéns”, disse.
Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para receber cuidados intensivos. Nesta quinta-feira (07), ele foi transferido para a unidade de tratamento vascular e se recupera bem.