Estudos fazem parte de projeto para reconhecer o forró de raiz praticado em vários estados do país como patrimônio cultural
Por Gabriela Zorzal
“Lá no meu pé de serra, deixei ficar meu coração”. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, registrou em várias de suas músicas que mais do que um ritmo, o forró de raiz tem tudo a ver com sentimento. O ritmo está em processo de estudo para se tornar um patrimônio cultural do Brasil. O Espírito Santo tem uma grande contribuição nesse debate. O tema foi discutido na reunião da Comissão de Cultura desta segunda-feira (19).
O estudo sobre o forró pé de serra está sendo desenvolvido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “O Iphan está trabalhando em uma pesquisa ampla, a maior sobre a temática já realizada. O Espírito Santo está dentro dessa pesquisa porque tem uma participação muito importante no forró de raiz. Além do Espírito Santo, a pesquisa inclui todos os estados do Nordeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal”, explicou a superintendente do Iphan no Espírito Santo, Elisa Taveira.
O projeto de reconhecimento do ritmo forró como patrimônio cultural do Brasil inclui o mapeamento das matrizes do forró no Estado. Elisa explicou que o projeto vai gerar um dossiê sobre o tema e esse documento será avaliado para posterior registro como patrimônio.
“Para conquistar essa denominação, é preciso cumprir alguns critérios, como a continuidade histórica e a relação direta com a identidade de uma comunidade. O Espírito Santo, em especial a comunidade de Itaúnas, é um elemento importante dessa história”, acrescentou a superintendente.
Vila de Itaúnas
O Festival de Forró de Itaúnas, que acontece há 19 anos no mês de julho na vila, distrito de Conceição da Barra, é uma referência no forró pé de serra. “O festival é o evento mais importante sobre o tema no país. É um festival que preserva as raízes do ritmo e dá oportunidade para novos artistas forrozeiros. Itaúnas também fez surgir um estilo de dança a partir do pé de serra, conhecido como forró roots ou forró de Itaúnas”, explicou o membro do Fórum de Raiz no Espírito Santo, Carlos Eduardo Lyra de Oliveira.
O objetivo do fórum, este ano realizado também na Vila de Itaúnas, é fortalecer o ritmo e discutir políticas públicas voltadas para a preservação dessa manifestação cultural. O fórum também é uma forma de apoiar e fortalecer o processo de reconhecimento do ritmo como patrimônio cultural do país.
O potencial turístico do forró também foi debatido durante a reunião. “O forró, além da questão histórica e cultural, tem um potencial turístico enorme. Por isso, nós precisamos discutir também a sustentabilidade, o fortalecimento das comunidades em torno do ritmo, o que inclui pousadas, comércio e restaurantes”, registrou a professora de dança e coordenadora do Fórum de Forró Raiz do Espírito Santo, Daiara Paraiso Holetz. A reunião contou com a presença da banda de forró Fogumano.
Audiência pública
A Comissão de Cultura vai realizar uma audiência pública, no dia 3 de setembro, sobre o tema. O presidente do colegiado, deputado Torino Marques (PSL), destacou que o objetivo é discutir políticas de fortalecimento do forró pé de serra.
“Vamos debater também um projeto para reconhecer o forró de Itaúnas como um patrimônio imaterial do Estado. O título é uma forma de destacar o ritmo como parte da identidade cultural capixaba”, destacou. Os deputados Delegado Danilo Bahiense (PSL) e Carlos Von (Avante) também participaram da reunião.