A luta das comunidades atingidas pela lama da Samarco-Vale-BHP ganha mais um capítulo. Reunir para vencer. Para combater a estratégia de “dividir para conquistar”, engendrada pela Samarco-Vale-BHP, os atingidos, no Espírito Santo, pelo maior crime socioambiental do País e um dos maiores do mundo se reúnem na próxima quinta-feira (12) para fortalecer o sentimento coletivo e mútua colaboração e para traçar novas estratégias de luta por seus direitos.
A mobilização está envolvendo entidades representativas dos atingidos de todo o Estado: Baixo Guandu, Colatina, Linhares, Regência, Degredo, Povoação, Pontal do Ipiranga, Barra Seca, Usussuquara, Campo Grande, Barra Nova Sul, Barra Nova Norte, Nativo, Ferrugem, Ponta São Miguel, São Mateus, Barra do Sahy, Barra do Riacho, Vila do Riacho e aldeias indígenas tupiniquim de Pau Brasil, Córrego do Ouro e Comboios.
Passados 14 meses do crime, boa parte dos pescadores, ribeirinhos, trabalhadores do mar, do rio e do turismo, atingidos pela lama de resíduos de mineração e impunidade, ainda sequer recebem o auxílio emergencial de subsistência. E isso é o mínimo que se deveria ter sido providenciado às famílias que perderam parcial ou integralmente suas fontes de renda. Indenizações também já foram prometidas e proteladas incontáveis vezes.
Tampouco foram dadas respostas concretas sobre a situação da contaminação das águas e do pescado, ou sobre os problemas de saúde registrados em crianças, adultos e idosos que mais permanecem em contato com a água. Apesar das incontáveis solicitações, algumas já até judicializadas.
Cadastros infernizam a vida das comunidades
Mas incontáveis mesmo são os infames cadastros, refeitos seguidamente, infernizando a vida das pessoas, que precisam responder às mesmas perguntas, tirar fotos, provar, comprovar e … aguardar … um tempo que, considerando a urgência demandada pela fome, pelas contas, pelo aluguel … parece infinito.
“Dividir para conquistar” é talvez a única ação “eficiente” que a Samarco-Vale-VHP tem empreendido desde o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 de novembro de 2015. O crime jogou na cara do Brasil e do mundo, o tamanho da irresponsabilidade gerencial e incompetência técnica das empresas, ambas solidamente construídas ao longo das décadas, com conivência do Estado, e que contrastam, vergonhosamente, com as bilionárias publicidades corporativas.
Essa é uma estratégia de guerra que todas as grandes empresas sempre utilizam para enfraquecer a luta das vítimas de seus crimes socioambientais. Incitar o ódio, a disputa, a animosidade, seja entre comunidades próximas, entre setores de uma mesma comunidade e mesmo entre pessoas de uma mesma família. (Séculodiario)