O outrora suntuoso e não menos majestoso nos dias atuais, casarão da Família Calmon, situado na Rua da Conceição, hoje considerado centro antigo da cidade, continua imponente naquela via, como se desafiasse o tempo. Ao seu lado, de frente e atrás, muita coisa mudou. O velho casarão que pertence ainda a Família Calmon, chegou a abrigar um imperador (D. Pedro II) bem como o presidente Getúlio Vargas, algumas semanas antes de seu suicídio.
Do Brasil de outrora, o projeto herdou os beirais curtos que não protegeu as paredes da ação das chuvas. O desenho proporcional da fachada (com o bloco mais alto no centro) e os balaústres rendilhados adornando os janelões, mostra que o projeto fez muito sucesso no início do século passado, quando foi erigido por aqui. O legado português se faz notar ainda na moldura das janelas e nas cornijas (arremates dos beirais).
No período colonial, os colonizadores importaram as correntes estilísticas da Europa à colônia brasileira, adaptando às condições materiais e sócio-econômicas locais. Em Linhares não foi diferente e logo a construção ganhou fama pelo estilo renascentista.
Encontram-se no Brasil edifícios coloniais com traços arquitetônicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, porém a transição entre os estilos se realizou de maneira progressiva ao longo dos séculos e a classificação dos períodos e estilos artísticos do Brasil colonial é motivo de debate entre os especialistas.
Hoje o casarão em Linhares está a que merecer uma restauração e não seria exagero que a Serlighes ou empreendedores culturais, assumissem junto da família que detém o local, para uma restauração. Ganharia o município, a população e os visitantes. Se fosse na Bahia, já teria sido tombado como patrimônio arquitetônico ou já estaria abrigando um projeto envolvendo a história e a cultura. Redação DN Foto: Elpídio Justino de Andrade.