“Toda vez que perguntávamos quanto tempo faltava, sempre respondiam os comissários: faltava dez minutos. De repente, simplesmente desligaram as luzes. Desligaram os motores. E aí todo mundo voltou pro seu assento e colocou o cinto de segurança. Na hora que isso aconteceu causou um certo temor. Mas ninguém imaginaria que a gente bateria naquele morro”, afirmou.
Ele contou que a aflição aumentou ao perceber o nervosismo da comissária Ximena Suárez, uma das sobreviventes. O jornalista estava sentado na penúltima fileira no voo, do lado direito, e Supárez, assim como o técnico do voo Erwin Tumiri, estavam logo atrás dele.
“Reparei que houve uma aflição muito grande por parte da comissária que sobreviveu. Ela foi para o lugar dela, e quando ficou muito aflita, realmente a aflição tomou conta. Mas não lembro de ter havido gritaria, não lembro de ter… pânico no avião. Um silêncio estarrecedor. A gente não sabia o que estava acontecendo, até que veio o choque. Eu não lembro da pancada, porque ela foi de repente”, disse.
Henzel afirmou que acordou e viu que estava preso entre duas árvores. O repórter Renan Agnolin e o cinegrafista Djalma Neto, que estavam ao seu lado na aeronave, estavam mortos.
“Primeiro achei que era um filme, que era um sonho. E que ia despertar logo desse sonho. Comecei a observar que vinha gente com algumas luzes, os socorristas. E aí eu comecei a gritar, dizendo que estava ali, naquele lugar. Eu estava preso em duas árvores, e aí com várias árvores ao redor. E aí foi o mais impactante ainda, porque as duas pessoas que estavam do meu lado estavam sem vida já. Dez centímetros para cá ou para lá o resultado poderia ser bem diferente”, disse.
“O momento mais triste para mim foi ver os dois colegas meus do lado. Chamei pelos dois e tive que buscar forças. Apesar de estar com sete costelas quebradas. Não foi fácil, não foi nada fácil mesmo. Chovia, 12 graus de temperatura. Era muito íngreme a trilha, não tinha socorristas onde a gente tava. Os socorristas foram fortes. Eu imagino duas coisas. Primeiro que foi um milagre. Segundo de eu ter acordado no segundo em que os socorristas estavam passando”, completou.
O jornalista, que fraturou sete costelas e ainda sofre com uma leve pneumonia, disse que só ficou sabendo direito o que havia acontecido no terceiro dia após o acidente.
“O que eu fico mais impressionado é que as pessoas morreram não por uma falha mecânica. As pessoas morreram por uma falta de discernimento. De um sujeito que de repente por causa de uma economia boba… Isso é revoltante”, declarou.
Henzel voltará para Chapecó nesta segunda-feira.