Linhares – O Festival Regenera Rio Doce reunirá, de 14 a 30 de julho, em Regência Linhares, os atingidos pelo desastre ambiental da Samarco/Vale-BHP vindos de diversos pontos da Bacia Hidrográfica, além de coletivos de Permacultura, Artes e Comunicação de outros estados, em uma programação diversificada.
A abertura do evento acontece nesta sexta-feira (14), com o II Encontro de Cultura Ancestral de Areal, reunindo representantes dos povos indígenas Krenak (Resplendor/MG), Botocudos (Areal-Linhares/ES) e Tupiniquim e Guarani (Aracruz/ES), além dos quilombolas (Degredo-Linhares/ES) e dos catadores de caranguejo (Campo Grande-São Mateus/ES).
Diante da fome, dos despejos, do desemprego, das doenças, do consumo excessivo de álcool e drogas, da violência … soa quase supérfluo. Mas é fundamental e combate exatamente a principal estratégia utilizada pelas grandes empresas ao longo da história, que é desestruturar emocional e psicologicamente as pessoas atingidas por seus crimes socioambientais, para enfraquecer sua capacidade de luta pelos direitos.
Afeto é fundamental
“’Dividir para conquistar’. Já conhecem esse termo? É uma estratégia de guerra que todas as grandes empresas usam. Foi assim com a Manabi e está sendo assim com a Samarco. Isso é o comum: querer dividir as pessoas. Se vocês não cuidarem disso, elas vão passar por cima de vocês. Tem que estar unidos e usar suas associações como veículos de luta”, bem afirmou o procurador da República em Linhares, Paulo Henrique Camargos Trazzi, em palestra com os atingidos em Linhares em dezembro passado.
Nos dias que se seguirão, até o final de julho, muitas oficinas, vivências, práticas, apresentações e ações diversas serão realizadas, com base nos nove eixos temáticos propostos: Ancestralidade; Arte, Cultura e Celebração; Comunicação e mídias livres; Direitos humanos, mulheres e luta política; Educação e ludicidade; Inovação, pesquisa e solução; Permacultura e agroecologia; Saúde, alimentação e corpo; Tecnologias sociais, cooperativas e econômicas.
Entre os participantes confirmados, estão o jornal A Sirene – mídia especializada produzida pelos atingidos em Minas Gerais –, a Comissão dos Atingidos, pesquisadores independentes de universidades capixabas, paulistas e cariocas, permacultores, artistas, agroecologistas, movimentos sociais … “Não é evento grande, mas está ancorado numa diversidade”, ressalta Hauley.