Na antiguidade, no período da idade média, existia a forma embrionária do Estado, e este necessitava da religião, para existir, se impor e ser respeitado. Após o período do renascimento, essa sociedade sofreu transformações sociais, econômicas, culturais e politicas, e aquele Estado embrionário, transforma-se em Estado Moderno.
Esse novo Estado não necessitava da religião para afirmar sua legitimidade, originando os primeiros estados laicos, e uma nova sociedade do chamado mundo moderno, ocorrendo uma ruptura entre Estado e religião, e o surgimento da tolerância religiosa.
No momento da ruptura, foi observado que a Educação ainda ficou atrelada as questões religiosas, visto que na época, muitas instituições de ensino eram em mosteiros, seminários, e escolas ligadas à igreja.
No mundo moderno principalmente após a Revolução Industrial, ocorreu o crescimento cientifico, e a ciência como estudo evolutivo e livre, sempre em transformação e podendo ser contestada e incrementada, e não como algo canônico e incontestável, como era na idade média.
Desta forma, assim como observamos as evoluções na ciência, também observamos a evolução dos Direitos sociais. E, nos tempos atuais torna-se incompreensível, o que poucos anos atrás ocorria em países de primeiro mundo como Inglaterra e Estados Unidos. Na Inglaterra aproximadamente 60 anos atrás, a pessoa poderia ser presa devido a sua orientação sexual, não sendo permitido o homossexualismo. Já nos Estados Unidos, tratava-se de uma falta de tolerância a cor da pele, o racismo separava a sociedade com aval do Estado, assim existiam, cinemas, escolas, e bancos da praça exclusivos para brancos ou negros.
Um grande avanço dos Direitos sociais ocorreu a partir da criação do Sufrágio universal, quando o homem através do direito ao voto, pode participar das decisões do Estado.
A partir desse momento a Educação se consolidou como Direito Social, e, portanto passou a ser vista como meio de transformação da sociedade, bem como a formação de pensadores da Evolução dos Direitos sociais. E algumas mudanças básicas ocorreram, como por exemplo, a extensão do período de obrigatoriedade do ensino que hoje vai dos 4 anos de idade até os 17 anos, mas muito ainda teria que acontecer.
A evolução da Economia, Cultura e Direitos Sociais é perceptível, mas como fica a situação da educação neste caso? O ensino está acompanhando tais mudanças? A sociedade através da Educação conseguiu entender e tolerar as mudanças ocorridas?
Observamos discussões ideológicas e politicas sobre essas questões. Primeiramente ideológica para refletir e filosofar sobre os assuntos em questão e em seguida discussões politicas “acaloradas”, como as da bancada evangélica na Câmara dos Deputados Federais, referentes a assuntos como a questão do Aborto e o Ensino Religioso nas Escolas, a questão das Escolas sem partido entre outras como Cotas para Negros nas Universidades.
Nosso país é recente, muito jovem em relação a outros países na Europa, e, portanto está discutindo assuntos hoje que já foram superados em muitos países da Comunidade Europeia por exemplo.
A grande problemática da situação dos temas supracitados trata-se da recepção dos pais dos alunos em casa. A ideologia familiar e intima dos pais, aliados a questões religiosas formam paradigmas difíceis de ser quebrados.
Esses paradigmas por consequência interferem na politica, onde os responsáveis pela aprovação dos projetos de Lei referentes aos casos acabam pesando na balança na hora de votar quando fica em duvida da real necessidade de adotar a mudança, a recepção do assunto na sociedade, a abordagem da imprensa na mídia, e se tal assunto faria o parlamentar ganhar ou perder votos.
De outro lado encontram-se os profissionais da educação que precisam fazer “malabarismos educacionais”, para discutir tais assuntos em sala de aula, numa sociedade formada de pessoas sem formação ideológica e filosófica aliada a intolerância e em alguns casos ao radicalismo religioso.
A certeza que temos é que o nosso país necessita evoluir do ponto de vista social, e inicio dessa evolução deverá partir da escola, onde ricos e pobres tenham afeto um pelo outro, assim como negros e brancos, cristãos e espiritas, heterossexuais e homossexuais, crianças magras e crianças gordas, eliminando da sociedade o preconceito econômico, o racismo, o preconceito religioso, a homofobia e o bullying.
Necessitamos do exercício da tolerância na sociedade, do exercício da tolerância nas escolas, do exercício da tolerância nas igrejas, do exercício da tolerância no lar, de forma a respeitar a opinião das famílias, e de maneira “homeopática”, transformar esse país “jovem” em um país mais “maduro” com menos desigualdade e mais tolerância, e a escola aliada ao tempo será a grande doutrinadora da politica e ideologia da nossa sociedade.
André Giuberti Guardia – Comerciante, Bacharel em Direito e Pós-graduando em Gestão Educacional.