Vivemos em um país que atravessa enormes modificações econômicas, políticas e sociais, e que de certa forma acompanha a globalização do mundo contemporâneo. Assim ocorre com a educação, que necessita de qualificar pessoas para enfrentar a competição nacional e global criada pelo sistema que escolhemos para seguir.
O capitalismo tornou o currículo indispensável a ocupação de cargos importantes nos diversos setores da economia, transformando professores e alunos em verdadeiros “robôs” desse sistema. Um capitalismo considerado “selvagem”, por desprezar a maioria das vezes os dons que foram dados a cada um de nós.
No Brasil enfrentamos um grande problema de desvalorização dos educadores, seja de origem cultural, social ou econômica.
A problemática da educação em nosso país inicia-se ainda na infância e no âmbito familiar, onde nossas crianças tem a oportunidade de observar dentro de casa os valores ditos importantes para a vida. Valores estes formados sem um pensamento filosófico, capaz de criar em nossas crianças um discernimento da real importância da vida e a necessidade real da educação.
Nesse país jovem chamado Brasil, podemos observar a desvalorização dos educadores, que de certa forma também se inicia no âmbito familiar, quando uma criança diz que tem uma vontade enorme de ser professor e os familiares prontamente desestimulam essas de seguir nesta linha de raciocínio. E por que fazem isso? Porque entendem o oficio de professor não como um dom, mas como um emprego mal remunerado. Diante disso nosso país já perdeu inúmeras oportunidades de formação pedagógica de profissionais por amor ou ideal de vida, seguindo muitos desses profissionais em outros ramos mais rentáveis, sendo na maioria das vezes infelizes na profissão, ficando a pedagogia em segundo plano, e sendo desenvolvida apenas para os chamados “sem opção” de cursarem outras áreas, ou pelo fato da graduação ser uma das menos onerosas para aqueles que desejam possuir um curso superior, para as pessoas que desejam atender os anseios do sistema, e que não possuem dinheiro no bolso o suficiente para fazer outra faculdade.
Outro ponto a ser analisado em seguida é a falta do pensamento filosófico dos profissionais formados, que parecem ser feitos em “formas”, uma verdadeira indústria de iguais diplomas e conceitos. Os profissionais “globais”, formados num sistema automático do “copiar e colar”, com preguiça de pensar, e que o não pensar tornam-nos incapazes de raciocinar, e por não raciocinar, consequentemente não estimulam os alunos a pensar.
A “indústria dos diplomas”, esta formando diplomados e não pensadores. E por não formarem pensadores, criam uma sociedade robótica e fadada ao caos, como a nossa.
Muitos questionam economicamente a valorização dos profissionais da educação, os salários mal remunerados. Mas será que o professor de hoje compara-se aos professores dos nossos avós? Naquela época de pouca informação, pouca biblioteca, poucas oportunidades de estudo e nada de globalização, tudo realmente era novidade, tudo era realmente inovador e desconhecido.
Apesar disso os professores conseguiam desenvolver o conteúdo programado e ainda serem chamados de mestres pelos nossos antepassados, eram mestres por aclamação, eram mestres sem mestrado. Por que isso acontecia? Porque os professores mais velhos davam lições de vida, eram a extensão da família, e os professores mais jovens davam exemplos de vida a seguir e em ambas as situações a ética era implícita ou explicitamente mencionada.
Hoje nossos filhos infelizmente deparam-se ainda na educação infantil com profissionais frustrados tanto no ponto de vista financeiro como emocional, que parecem querer descarregar suas frustrações em sala de aula, seja pela carga horária intensa para a formação de um melhor salário, ou pela falta de sensibilidade para separar vida pessoal de trabalho.
Diante disso, voltamos ao âmbito familiar, onde somente uma família estruturada e de nível cultural elevado consegue “aparar tais arestas”, complementando em casa o estudo insuficiente da escola, e estimulando os filhos da real necessidade da educação, devido a falta de estrutura educacional e ausência da prática do pensar e do desenvolvimento do raciocínio.
Um país jovem e de corrupção como o Brasil, aliado a falta de união da classe pedagógica, bem como a falta de comportamento adequado dos profissionais da educação atual, ocasionou a desvalorização econômica dos salários dos profissionais da educação bem como o descrédito dos mesmos.
Precisamos renovar conceitos, renovar a educação. Precisamos renascer das cinzas como a fênix, e trazer de volta os verdadeiros líderes e mestres do passado. Mestres esquecidos pela correria do dia a dia, mestres esquecidos pelas frustrações pessoais, mestres esquecidos pelos reconhecimentos financeiros. Trazer de volta os mestres sem mestrado, os mestres por comportamento e por aclamação. O educador precisa liderar, precisa novamente tomar as “rédeas da situação”. E liderar nos tempos atuais é diferente. É saber ouvir, é ser generoso, é ser novamente extensão da família, é ser exemplo a seguir, é ser mestre sem curso de mestrado, é ser mestre com mestrado e também por aclamação, é valorizar a classe pedagógica, é ser novamente admirado, e principalmente ser capaz de fazer novamente as crianças a sonharem em ser professor.
*André Giuberti Guardia – Empresário, Bacharel em Direito, e Pós-Graduando em Gestão Educacional.