Mais de 95% das amêndoas produzidas no ES são processadas em outros Estado. Plantação de cacau no Espírito Santo: ideia é que, além de produzir fruto, empreendedores rurais também usem parte das sementes para fabricação de chocolate
Não vai demorar muito para que produtores de cacau de Linhares, passem o sistema de verticalização da produção, que vai dar condições para que as amêndoas do cacau, sejam transformadas em massa de chocolate sem precisar sair do Estado. Hoje paga-se R$ 10 o quilo da amêndoa, e o preço pode disparar para R$ 50 com esse processo. A ideia é estimular os produtores a usar parte do cacau na produção de chocolate.
Para facilitar o trabalho dos pequenos produtores, a Acal – Associação dos Cacauicultores de Linhares, planeja a construção de uma unidade coletiva de processamento, o que serviria para transformar as amêndoas em massa de cacau. A Acal projeta que em uma década será possível criar um polo turístico de chocolate no Estado. “Já temos a Indicação Geográfica (um selo que certifica a origem do produto). É uma ‘Ferrari’ que a gente tem guardada, mas nunca usou”, justifica Maurício Buffon que preside a entidade.
A atividade de produção de cacau no Espírito Santo busca se reinventar. A proposta do setor é aumentar a qualidade do produto para, num futuro próximo, fugir dos atravessadores e ganhar o mercado externo. Atualmente, menos de 5% do cacau capixaba é processado no Estado, ou seja, as amêndoas saem daqui para virar pasta de chocolate em outros Estados, como a Bahia e São Paulo.
No município de Linhares, está um dos melhores cacaueiros da América Latina, como atestam as fazendas São José e Ceará, localizadas às margens do Rio Doce, que garantiram o segundo lugar no Salão do Chocolate em Paris, a maior vitrine gastronômica da linha gourmet. Por outro lado, outros 40 municípios capixabas já estão produzindo cacau, sendo que Linhares, o maior produtor estadual, detém 600 propriedades.
E é aqui que alguns agricultores já produzem o próprio chocolate, e tem buscado divulgar seus produtos em feiras nacionais e internacionais. “ Quando o clima se normalizar, a gente muda a história do cacau aqui no Estado, atingindo um volume de até oito mil toneladas por ano até 2020”, profetiza Buffon.
O produtor vive na dependência dos atravessadores e das multinacionais do chocolate, mas a ideia é seguir um plano que se divide em três etapas. O primeiro passo é oferecer capacitação aos produtores, alinhar os arranjos produtivos e criar uma identidade para o cacau capixaba.
O segundo momento, a aposta será na verticalização da produção, que vai possibilitar que as amêndoas sejam transformadas em massa de chocolate sem precisar sair do Estado. “De R$ 10 o quilo, o preço vai passar para R$ 50 com esse processo. Aí vamos estimular os produtores a usar parte do cacau na produção de chocolate. Na medida que a propriedade ganha musculatura, monta-se a produção de chocolate”, explica Buffon.
Para facilitar o trabalho dos pequenos produtores, a Acal briga pela construção de uma unidade coletiva de processamento. O local vai servir para transformar as amêndoas em massa de cacau. Dados esses dois primeiros passos, a associação estima que em dez anos será possível criar um polo turístico de chocolate no Estado.