A lista com os detalhes de cada unidade investigada só foi divulgada pelo Ministério de Agricultura na terça-feira
Ao não fazer distinção, num primeiro momento, do tipo de carne que era alvo de investigação, a divulgação feita pela Polícia Federal acabou levando vários países a levantar embargos contra a carne bovina brasileira, segmento no qual apenas dois dos 21 frigoríficos suspeitos atuam. Os outros produzem frango, embutidos e até mel e equinos. A lista com os detalhes de cada unidade investigada só foi divulgada pelo Ministério de Agricultura na terça-feira.
Um dos frigoríficos que aparecem na lista com alguma irregularidade no setor de bovinos é a Central de Carne Paranaense, em Colombo (PR), que não exporta o produto. O outro é a JJZ Alimentos, em Goiânia (GO), que vendeu produtos para ao menos oito destinos. O problema é que apenas Japão e União Europeia foram seletivos e interromperam as compras exclusivamente dos frigoríficos investigados.
Grandes consumidores, como China, Hong Kong e Egito – que responderam por 44% das exportações de carne bovina em 2016 -, suspenderam as importações por completo, incluindo carne bovina, suína e de aves. Por isso, grandes empresas que sequer aparecem entre as investigadas, como Marfrig e Minerva, respectivamente a segunda e a terceira maiores exportadoras de carne bovina do país, estão sendo prejudicadas com os embargos.
“Marfrig e Minerva também serão afetadas, pois não foi feita qualquer distinção por alguns países. A Minerva, principalmente, que concentra as operações de carne bovina no Brasil, pode ser mais impactada”, avalia Erick Rodrigues, analista da agência de classificação de risco Moody’s.
A empresa tem operações em sete estados brasileiros, além de Uruguai, Paraguai e Colômbia. Já a Marfrig tem 11 unidades produtivas no Brasil, que atendem ao mercado interno e internacional e respondem por cerca de 37% do faturamento da companhia. Segundo Rodrigues, para contornar os embargos, a empresa poderia redirecionar a produção em outras unidades na América Latina. Procuradas, nem Marfrig nem Minerva se manifestaram.
A principal exportadora de carne bovina, a JBS, aparece na lista de investigados com um frigorífico da Seara, marca que atua no mercado de aves e suínos. Rodrigues avalia que a empresa será pouco afetada, pois apenas 5,2% de sua receita vêm das exportações da Seara. Já a BRF, que lidera a exportação de frango, deve sofrer impacto mais significativo, pois concentra suas operações no Brasil, diz o analista.