Linhares – A Comunidade Areal foi uma das atingidas pela lama de rejeitos de minério. Localizada na Foz do Rio Doce, formada por 250 habitantes que lutam para serem reconhecidos como indígenas e dependem do Rio Doce para a pesca, agricultura e lazer. Com o rompimento da barragem da Mineradora Samarco, a única ocupação de lazer que a comunidade tinha foi retirada, o banho no rio e nas lagoas.
Inconformado com a imensurável consequência da tragédia, o empreendedor social Marcelo Vilela, residente em Regência Augusta, fez várias visitas à comunidade para levantamento das principais demandas, identificou que, entre tantas necessidades, havia urgência por uma alternativa de lazer que ocupasse o tempo ocioso das pessoas, principalmente das crianças de maneira saudável e produtiva. A pedido das crianças, decidiu-se construir um campo de futebol.
Foi elaborado um projeto com o objetivo de criar uma alternativa esportiva bem como doar os recursos necessários para a prática do futebol como campo, bola, uniforme e treinador. Com a meta definida, o desfio era conseguir recursos. Um terreno vazio que já era destinado a espaço comunitário, foi utilizado.
Marcelo Vilela solicitou ajuda de vários colaboradores, entre eles, a WUPJ – União Progressista Judaica que, não só doou recursos, como mobilizou uma equipe com 14 voluntários vindos de todo o Brasil que trabalhou junto com a comunidade na construção do campo. O Sport Club Corinthians Paulista doou oito bolas de futebol. O CNA – Inglês Definitivo e a Vitor Narcizo Imobiliaria contribuiram com outras doações. O cacique José Barcelos mobilizou a comunidade em mutirão para a construção do campinho.
Neste domingo, 30, o campo foi entregue à comunidade. O evento contou com a presença de Fabiano Eller, zagueiro e lateral-esquerdo aposentado, que jogou no Flamengo, Vasco, Seleção Brasileira, Atlético de Madrid, entre outros. Na oportunidade, Fabiano conversou com as crianças e incentivou a prática do esporte. Durante seu discurso, relembrou que, quando criança, jogava futebol em todos os campinhos de areia dos bairros de Linhares, sempre sonhando em ser profissional. Hoje, lamenta perceber que esses espaços não existam mais e, os campos que existem, não estão abertos à comunidade. Em seguida, deu o pontapé inicial do jogo de inauguração do campo.
A construção do campo foi a primeira etapa de um projeto de esporte e leitura que visa criar atividade no contraturno escolar e oferecer atividades esportivas de viés educacional. A estrutura será usada como quadra de esporte da escola, que não dispõe de espaço para educação física, também será utilizado pela comunidade como ponto de encontro e interação social, pois a comunidade não possui praça pública. “Quero que fique para a comunidade o sentimento de não estar sozinha, de que vale a pena sonhar e a certeza de que, quando se unem, tudo é possível” – concluiu Marcelo Vilela, idealizador do projeto.
*Angela Maria